Muitas pessoas gostariam de viver a experiência de recuperar uma área degradada, acompanhar a transformação de um descampado em um bosque com árvores nativas, com muitos pássaros e, quem sabe, alguns outros dos nossos animais silvestres...
Em uma escala pequena e sem intenções comerciais é possível plantar bosques nativos a partir de uma orientação básica e alguns cuidados simples de manutenção nos primeiros anos. Para projetos maiores e mais ambiciosos (e que sejam bem-vindos!) é imprescindível o acompanhamento de um profissional, seja agrônomo, seja um paisagista com experiência específica.
Mas como é que a natureza recupera áreas desmatadas? A intenção da natureza é recriar a floresta, em um processo chamado “sucessão secundária”, e que pode levar de
Depois de um período em torno de 6 anos começam a surgir certos tipos de árvores, que são denominadas espécies pioneiras. Elas vão continuando o processo de recuperação, crescendo e sombreando a área. Havendo sombreamento suficiente começam à germinar e crescer as espécies secundárias e , terminando o processo, brotam e se desenvolvem as espécies clímaxes.
E de onde surgem essas diferentes espécies? De sementes vindas de florestas próximas, trazidas pelo vento, chuvas ou animais, e também de sementes adormecidas no solo. Quanto mais bosques e florestas existirem, mais fácil e rápida é a regeneração de novas áreas.
Mas o homem pode apressar muito esse processo (e como somos impacientes!), completando-o em 10-15 anos. Podemos plantar de uma só vez quase todas as espécies dos três estágios. Mas atenção quanto às seguintes observações:
- Coloque as espécies climaxes junto de duas (ou mais) outras mudas das espécies pioneiras e secundárias, que irão se desenvolver mais rápido e criar o sombreamento necessário.
- Leve em consideração o porte adulto das plantas, evitando a proximidade entre duas espécies de porte muito grande. De modo geral use um espaçamento de 3m x 4m entre as covas.
- É aconselhável adicionar-se fósforo às covas, ou, no caso de solo muito esgotado, material orgânico e outros elementos necessários. Vale a penas fazer uma análise do solo.
- Nos primeiros dois ou três anos são necessárias algumas capinas em torno das árvores e eventualmente o combate às formigas. Não faça podas! Deixe as árvores se desenvolverem naturalmente.
- Procure diversificar, misturar várias espécies. Se possível, descubra quais espécies são nativas da sua região.
Espécies Pioneiras:
Acrocomia aculeata (macaúba)
Alchornea glandulosa (tapiá)
Alchornea triplinervia (tanheiro)
*Bauhinia forficata (pata-de-vaca)
Casearia sylvestris (guaçatunga)
*Cecropia pachystachya (embaúba)
Croton urucurana (urucurana)
Croton floribundus (capixingui)
Erytrina crista-galli (sananduva)
Guazuma ulmifolia (mutambú)
*Ingá uruguensis (ingá-do-brejo)
*Lithraea moleaides (aroeira branca)
Machaerium aculeatum (pau-de-angú)
Machaerium nyctitans (guaximbé)
Ocotea puberula (guaicá)
*Psidium guajava (goiaba-branca)
Rapanea ferruginea (azeitona do mato)
Schinus terebinthifolius (aroeira-mansa)
Schizolebium parahyba (guapuruvu)
Sebastiania commersoniana (branquilho)
*Senna multijuga (pau-cigarra; canafístula)
Tapirira guianensis (fruta-de-pombo)
*Tibouchina mutabilis (manacá-da-serra)
Trema micrantha (grandiúva)
Xylopia emarginata (embira-preta)
Espécies secundárias:
Aspidosperma parvifolium (guatambu oliva)
*Chorisia speciosa (paineira-rosa)
Cordia sellowiana (jureté)
Cordia trichotoma (louro-oardo)
*Dendropanax cuneatum (maria-mole)
Didymopanax monototonii (monototó)
*Eriotheca candolleana (catuaba)
Hyeronima alchorneoides (licurana)
Rallinia silvatica (araticum-do-mato)
*Tabebuia impetiginosa (pau-roxo, ipê-roxo)
*Tabebuia vellosi (ipê-amarelo)
Terminalia brasiliensis (merendiba)
Zeyheria tuberculosa (ipê-tabaco)
Espécies Clímax:
Apuleia leiocarpa (grápia)
Aspidosperma ramiflorum (matiambú)
Cabralea canjirana (canjerana)
*Caesalpina echinata (pau-brasil)
*Cariniana legalis (jequitibá-rosa)
Duguetia lanceolata (pindaíva)
Esenbeckia leiocarpa (guarantã)
*Lecythis pisonis (sapucaia)
Ocotea catharinensis (canela-preta)
*Paratecoma peroba (peroba-do-campo)
Peltogyne augustiflora (roxinho, pau-roxo)
Sclerolabium denudatum (tapassuaré)
*Sterculia chicha (chichá)
Swartzia langadorfii (pacova-de-macaco)
Sweetia fruticosa (sucupira-amarela)
*Tabebuia heptaphylla (ipê-roxo)
*Tabebuia serratifolia (ipê-amarelo)
*Xilopia brasiliensis (pindaíba)
Virolla olifera (bocuva)
(A fonte mais importante deste texto é o livro “Árvores Brasileiras” do Eng. Agrônomo Harri Lorenzi. As obras deste autor estão presentes no dia-a-dia de todos os paisagistas. A ele o nosso respeito e admiração.)
Renata Polga
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